PODER PELA BALA
3 º livro do escritor, jornalista e 1º sargento da PM de Alagoas, Elias Barboza
ESTA
É UMA obra tão oportuna quanto verdadeira que, ao se aprofundar no lado negro
do panorama político de Alagoas, desnuda o real sentido da palavra medo. Num
conturbado momento da nossa história mais recente, estivemos deambulando entre
o medo e o horror, porque testemunhas involuntárias do arbítrio da morte como
regra imposta por muitos dos que se julgavam poderosos. Esses, se infundem tão “poderosos”
a ponto de se acharem donos da vida alheia e dela poderem dispor a qualquer
tempo, a qualquer hora.
ALAGOAS, terra de gente trabalhadora e
ordeira; entretanto, celeiro de homens destemidos, verdadeiros heróis, não
fugiu à regra do poder de mando do “coronelismo” que sempre imperou no
Nordeste. Bem lembra o escritor e jornalista Elias Barboza, nas letras frias,
isentas e desapaixonadas que se enfileiram nesta sua obra: “(...) quantos
passados sombrios nos antecederam, e quantas promessas mentirosas fizeram
gerações de pessoas executadas carregarem ainda seus caixões?” Elias não
exageram. Ele apenas pretende ser tão real quanto são as histórias que aqui
conta.
OS
CRIMES narrados neste livro de Elias Barboza - que me honra com a primazia de
prefaciá-lo -, dado o caráter aterrador de alguns dos fatos aqui expostos, pode
ser alinhado entre aqueles considerados monstruosos. Seus praticantes foram e alguns
ainda o são, porque ainda vivos - indivíduos cuja sanidade ultrapassa os
limites da loucura. E o nosso autor aqui nos franqueia com o mais eloquente e
revoltante exemplo disso nesta obra, citando a chamada “Chacina da Gruta”.
NUMA PACATA residência da Gruta de
Lourdes, bairro situado na parte alta de Maceió, foram executados a deputada
federal Ceci Cunha, seu marido e familiares. Ceci, uma mulher corajosa, médica,
cujas missões paralelas àquelas de salvar vidas, eram a de no parlamento e na
vida comum, a de ajudar famílias necessitadas de amor e carinho.
MAS, esta obra não trata apenas do
Caso Ceci Cunha. Seu autor, Elias Barboza, se aprofundou nos assassinatos do vereador
Benício Alves, ocorrido no ano de 1956 e do deputado Marques da Silva, no ano de
1957, ambos, assassinados na cidade de Arapiraca. A esses episódios constituem
a sua Primeira Parte.
PODER DA BALA incorpora descrições e traços históricos da cidade de
Arapiraca, cenário dos crimes narrados e distanciados pelo lapso de tempo de 60
anos, entre o primeiro e o último. Mas, parecem tão recentes “como se
estivéssemos diante de uma série de TV”, compara o autor.
DESDE OS TEMPOS primitivos de Manuel
André Corrêa, fundador de Arapiraca, não se contou nada parecido com os fatos
aqui despertados, eis que ocorridos dentro da área de 614 km2 que constitui a
cidade encravada no Agreste alagoano.
TODO
ASSASSINATO é brutal. Não há nem mais e nem menos brutal. Defina-se,
entretanto, o que martiriza e o que resulta dele: a dor, o sofrimento e a
revolta, que pode ser maior ou menor. Nos casos aqui descritos por Elias
Barboza, que se utiliza do tom jornalístico para ser mais objetivo, há que
prevalecer o rigor da regra legalmente punitiva, porque praticados por pessoas
– mandantes e executantes – desapiedadas, inconscientes, psicopatas,
verdadeiros predadores sociais.
Aílton Villanova
Prefácio do jornalista e escritor