terça-feira, 24 de novembro de 2009

As correntes do desespero


O crime e as contradições
 
 





O editorial do O Jornal, que circula no Estado de Alagoas, há alguns meses vem sempre enfatizado uma sociedade refém do medo. As autoridades policiais e deputados apontam que faltam homens e equipamentos para o combate ao crime organizado em Maceió, mas a historia não é bem assim. No ano de 2006 dez deputados deram um desvio de mais de 300 milhões dos cofres da Assembléia Legislativa de Alagoas, hoje querem se assustar com o clima de insegurança que passa a sociedade alagoana.

O dinheiro desviado para compras de mansões, fazendas, gados, carros de luxo e financiar o crime de pistolagem em Alagoas, daria para fazer dois grandes presídios de segurança máxima e assim, deter os farás da lei. Como também, construir em três bairros periféricos de Maceió, três escolas de 1º e 2º graus, tirando um pouco desses adolescentes das ruas e das drogas. A educação ainda é a chave para a dignidade humana.

A paz na cidade não vira com compras de viaturas, armamentos pesados, coletes a prova de bala e helicópteros, esse filme nós já vimos. Em 2002, no então governo de Mario Covas, ele comprou três helicópteros, 4500 viaturas e 10 mil coletes a provas de balas, e nem mesmo assim conteve o alto índice de criminalidade registrado no ano de 2000. Os números da violência neste período apontaram que algo mais precisava ser feito. O que precisa ser feito é acabar com o corporativismo dentro das polícias, justiça fazendo justiça não injustiça, e, valorização humana. A rigor, ainda poderíamos pontuar outros itens, mas esses são os principais.

Vejamos o trecho do editorial de O Jornal de 13 de novembro de 2009

Mortos em combate

“A sociedade alagoana está em pânico. A cada dia, os números frios da violência ganham mais dígitos, aumentando, proporcionalmente, a sensação de insegurança. Ontem, especialmente, o dia foi trágico para as famílias que perderam os seus filhos num combate de “guerrilha urbana”. O assalto a uma agência da Caixa, no Centro da capital, demonstrou que o sistema público de segurança está despedaçado.
Pela manhã, com o banco cheio de servidores que foram apenas buscar os seus dignos salários, homens armados pregaram o terror e, a sangue frio, tiraram a vida do vigilante Aldersandro Ferreira Silva e do policial Anderson Lima, que cumpriam o seu dever.
A onda de assaltos faz vítimas em quase todas as casas do Estado. Ninguém mais se choca com um roubo, um furto, até porque os números da violência foram banalizados nesta terra. Quem caiu nesse front tinha história, filhos, pais, planos, todos eles destruídos, geralmente, pela pólvora ou por uma arma branca. Quando vidas são perdidas, as estatísticas devem ser desprezadas para que o luto fechado dos familiares seja respeitado e a cobrança por atitudes ganhe uma voz mais grave”.



Jornalista Elias Barbozza

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